TEXTO: E aconteceu que chegando ele perto de
Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava.
Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem
misericórdia de mim. E os que iam
passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho
de Davi, tem misericórdia de mim! Então
Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe,
Dizendo: Que queres que te faça? E ele disse:
Senhor, que eu veja. E Jesus lhe
disse: Vê; a tua fé te salvou. E
logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava
louvores a Deus... Lc 18.35-43
INTROUÇÃO: Há uma aparente contradição
entre textos, porém não.
·
A
cura do cego Bartimeu está registrada nos três evangelhos sinóticos.
Ø
Porém,
existem nuances diferentes nos registros.
Ø
Mateus
fala de dois cegos e não apenas de um (Mt 20.30) e Lucas fala que Jesus estava
entrando em Jericó (Lc 18.35-43) e não saindo de Jericó como nos informa Marcos
(10.46).
Ø
Como
entender essas aparentes contradições?
I. Em primeiro lugar, nem Marcos nem
Lucas afirmam que havia apenas um cego.
a. Eles destacam Bartimeu, talvez, por
ser o mais conhecido e aquele que se destacava em seu clamor.
b. William Hendriksen diz que não há nenhuma
contradição nos relatos, porque nem Marcos nem Lucas nos contam que Jesus
restaurou a visão de somente um cego.
c. Entretanto, não sabemos porque
Marcos escreveu a respeito de Bartimeu e não disse nada em relação ao outro
cego.
II. Em segundo lugar, havia duas cidades
de Jericó.
a. No primeiro século havia duas
Jericós: a velha Jericó, quase toda em ruínas, e a nova Jericó, cidade bonita,
construída por Herodes, logo ao sul da cidade velha.
b. A cidade antiga estava em ruínas,
mas Herodes, o grande havia levantado essa nova Jericó, onde ficava seu palácio
de inverno, uma bela cidade ornada de palmeiras, jardins floridos, teatro,
anfiteatro, residências e piscinas para banhos.
c. Aparentemente, o milagre aconteceu
na divisa entre a cidade nova e a velha, enquanto Jesus saía de uma e entrava
na outra.
TRANSIÇÃO:
Queremos trazer aqui uma grande reflexão e uma palavra de Deus para nossas
vidas.
1. A ULTIMA OPORTUNIDADE
I.
A cidade de Jericó além de ser um posto de fronteira e
alfândega (Lc 19.2), também era a última oportunidade de abastecimento de
provisões e local de reuniões,
·
Grupos pequenos se organizavam para a viagem em conjunto, desta
forma protegidos contra os salteadores de estrada (Lc 10.30),
·
Os peregrinos partiam deste último oásis no vale do Jordão
para o último trecho de uns 25 km, uma subida íngreme de perto de mil metros,
através do deserto acidentado da Judéia até a cidade do templo.
II.
Jesus estava indo para Jerusalém.
·
Ele marchava resolutamente para o calvário.
·
Era a festa da páscoa.
·
Naquela mesma semana Jesus seria preso, julgado, condenado e
pregado na cruz.
·
Era a última vez que Jesus passaria por Jericó.
Ø Aquela era a última
oportunidade de Bartimeu.
Ø Se ele não buscasse
a Jesus, ficaria para sempre cativo de sua cegueira.
Ø A oportunidade tem
asas, se não a agarrarmos quando ela passa por nós, podemos perdê-la para
sempre.
Ø
Nunca saberemos se a oportunidade que estamos tendo agora
será a última da nossa vida.
2. A MULTIDÃO
I.
Por que a numerosa multidão está seguindo Jesus de Jericó
rumo a Jerusalém?
·
Aquele era o tempo da festa da Páscoa, a mais importante
festa judaica.
Ø
A Lei estabelecia que todo varão maior de doze anos que
vivesse dentro de um raio de 25 Km estava obrigado a assistir à festa da
Páscoa.
Ø
Obviamente nem todos podiam fazer essa viagem.
A.
Esses, então, ficavam à beira do caminho desejando boa viagem
aos peregrinos.
B.
Por essa razão, Jericó que, ficava a vinte e cinco
quilômetros de Jerusalém tinha suas ruas apinhadas de gente.
C.
Além do mais, o templo tinha cerca de vinte mil sacerdotes e
levitas distribuídos em vinte e seis turnos.
D.
Muitos deles moravam em Jericó, mas na festa da Páscoa todos
deviam ir a Jerusalém.
E.
Certamente muitas pessoas deviam estar acompanhando
atentamente a Jesus, impressionadas pelos seus ensinos; outras, curiosas acerca
desse rabino que desafiava os grandes líderes religiosos da nação.
F.
Era no meio dessa multidão mista que Bartimeu se encontrava.
3. AS CONDIÇÕES DE
BARTIMEU:
I.
Bartimeu era cego e mendigo.
·
Faltava-lhe
luz nos olhos e dinheiro no bolso.
·
Estava
entregue às trevas e à miséria.
·
Vivia
a esmolar à beira da estrada, dependendo totalmente da benevolência dos outros.
·
Um
cego não sabe para onde vai, um mendigo não tem aonde ir.
·
Não
há nenhuma cura de cego no Antigo Testamento; os judeus acreditavam que tal
milagre era um sinal de que a era messiânica havia chegado (Is 29.18; 35.5).[6]
II.
Bartimeu
não tinha nome
·
Bartimeu em aramaica significa filho de Timeu
·
Bartimeu não é nome próprio, significa apenas filho de Timeu.
·
Adolf Pohl diz que deste cego conhecia-se somente o nome do
pai, que foi explicado para os desinformados.
·
Este homem não era cego e mendigo, mas estava também com sua
auto-estima achatada.
·
Não tinha saúde, nem dinheiro, nem valor próprio.
·
Certamente carregava não apenas sua capa, mas também seus
complexos, seus traumas, suas feridas abertas.
III.
Bartimeu estava à beira do caminho
·
A multidão ia para a festa da Páscoa, mas ele não podia.
·
A multidão celebra e cantava, ele só podia clamar por
misericórdia.
·
Ele vivia à margem da vida, da paz, da felicidade.
4.
BARTIMEU TOMA UMA DECISÃO
I.
Bartimeu busca a Jesus na hora certa.
·
Aquela era a última vez que Jesus passaria por Jericó.
·
Era a última vez que Jesus subiria a Jerusalém.
·
Aquela era a última oportunidade daquele homem.
Ø
Não há nada mais perigoso do que desperdiçar uma
oportunidade.
Ø
As oportunidades vêm e vão.
Ø
Se não as agarrarmos, elas se perderão para sempre.
II.
Bartimeu buscou a pessoa certa.
·
Com
sua cegueira, Bartimeu enxergou mais do que os sacerdotes, escribas e fariseus.
Ø Estes tinham olhos, mas não
discernimento.
Ø Bartimeu era cego, mas enxergava com
os olhos da alma.
·
Bartimeu
chamou Jesus de “Filho de Davi”, seu título messiânico.
Ø Jesus é chamado “Filho de Davi”
somente aqui em Marcos.
Ø O fato deste cego mendigo chamar
Jesus de “Filho de Davi” revela que ele reconhecia Jesus como o Messias,
enquanto muitos que haviam testemunhado os milagres de Jesus estavam cegos a
respeito da sua identidade, recusando-se a abrir seus olhos para a verdade.
·
Bartimeu
chamou Jesus de Mestre.
Ø A palavra rabboni também é traduzida
por Senhor.
Ø A única pessoa nos evangelhos que
usou esta palavra foi Maria (Jo 20.16).
Ø Bartimeu tinha usado duas vezes o
título messiânico de Jesus, mas rabboni era uma expressão de fé pessoal.[11]
·
Ele
compreendia que Jesus tinha poder e autoridade para dar-lhe visão.
Ø
Este
é o último milagre de cura registrado pelo evangelista Marcos.
Ø
Nele
Jesus demonstra seu amor, misericórdia e graça.
III.
Bartimeu
buscou com perseverança.
·
A
multidão tenteou silenciar Bartimeu, mas ele estava determinado.
·
A
multidão foi um obstáculo para Zaquel, foi obstáculo para o paralítico levado
pelos quatro amigos e aqui para Bartimeu.
·
Nem
sempre a voz do povo é a voz de Deus, e não é.
·
William Hendriksen sugere que a multidão estava com
pressa a chegar em Jerusalém, por isso fizeram isso.
IV.
Bartimeu buscou Jesus com humildade.
·
Bartimeu sabe que não merece favor algum
·
Ele apela apenas para a misericórdia de Deus.
·
Ele não pede justiça, mas misericórdia.
·
Ele não reivindica direitos, mas pede compaixão.
5. BARTIMEU ENCONTRA
TAMBÉM SALVAÇÃO.
I.
Jesus
disse para Bartimeu: “Vai, a tua fé te salvou”.
·
Bartimeu
creu não por causa da clareza da sua visão, mas como uma resposta ao que ele
ouviu.
·
Jesus
diagnosticou uma doença mais grave e mais urgente do que a cegueira.
Ø Não apenas seus olhos estavam em
trevas, mas também a sua alma.
I.
Ele
foi buscar a cura para seus olhos, e encontrou a salvação da sua alma.
II.
Bartimeu
seguia Jesus pelo caminho.
·
Ele
não queria apenas a benção, mas o abençoador.
CONCLUSÃO:
Jesus passou por Jericó. Ele está passando hoje também pela
nossa vida, cruzando as avenidas da nossa existência. Temos duas opções: clamar
pelo seu nome ou perder a oportunidade.
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