domingo, 12 de janeiro de 2020

DAS TREVAS PARA A LUZ


TEXTO: E aconteceu que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo. E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava. Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, Dizendo: Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. E Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus... Lc 18.35-43
INTROUÇÃO: Há uma aparente contradição entre textos, porém não.
·         A cura do cego Bartimeu está registrada nos três evangelhos sinóticos.
Ø  Porém, existem nuances diferentes nos registros.
Ø  Mateus fala de dois cegos e não apenas de um (Mt 20.30) e Lucas fala que Jesus estava entrando em Jericó (Lc 18.35-43) e não saindo de Jericó como nos informa Marcos (10.46).
Ø  Como entender essas aparentes contradições?
I.     Em primeiro lugar, nem Marcos nem Lucas afirmam que havia apenas um cego.
a.    Eles destacam Bartimeu, talvez, por ser o mais conhecido e aquele que se destacava em seu clamor.
b.     William Hendriksen diz que não há nenhuma contradição nos relatos, porque nem Marcos nem Lucas nos contam que Jesus restaurou a visão de somente um cego.
c.    Entretanto, não sabemos porque Marcos escreveu a respeito de Bartimeu e não disse nada em relação ao outro cego.
II.    Em segundo lugar, havia duas cidades de Jericó.
a.    No primeiro século havia duas Jericós: a velha Jericó, quase toda em ruínas, e a nova Jericó, cidade bonita, construída por Herodes, logo ao sul da cidade velha.
b.    A cidade antiga estava em ruínas, mas Herodes, o grande havia levantado essa nova Jericó, onde ficava seu palácio de inverno, uma bela cidade ornada de palmeiras, jardins floridos, teatro, anfiteatro, residências e piscinas para banhos.
c.    Aparentemente, o milagre aconteceu na divisa entre a cidade nova e a velha, enquanto Jesus saía de uma e entrava na outra.
TRANSIÇÃO: Queremos trazer aqui uma grande reflexão e uma palavra de Deus para nossas vidas.
1.    A ULTIMA OPORTUNIDADE
I.             A cidade de Jericó além de ser um posto de fronteira e alfândega (Lc 19.2), também era a última oportunidade de abastecimento de provisões e local de reuniões,
·         Grupos pequenos se organizavam para a viagem em conjunto, desta forma protegidos contra os salteadores de estrada (Lc 10.30),
·         Os peregrinos partiam deste último oásis no vale do Jordão para o último trecho de uns 25 km, uma subida íngreme de perto de mil metros, através do deserto acidentado da Judéia até a cidade do templo.
II.            Jesus estava indo para Jerusalém.
·         Ele marchava resolutamente para o calvário.
·         Era a festa da páscoa.
·         Naquela mesma semana Jesus seria preso, julgado, condenado e pregado na cruz.
·         Era a última vez que Jesus passaria por Jericó.
Ø  Aquela era a última oportunidade de Bartimeu.
Ø  Se ele não buscasse a Jesus, ficaria para sempre cativo de sua cegueira.
Ø  A oportunidade tem asas, se não a agarrarmos quando ela passa por nós, podemos perdê-la para sempre.
Ø  Nunca saberemos se a oportunidade que estamos tendo agora será a última da nossa vida.
2.    A MULTIDÃO
I.             Por que a numerosa multidão está seguindo Jesus de Jericó rumo a Jerusalém?
·         Aquele era o tempo da festa da Páscoa, a mais importante festa judaica.
Ø  A Lei estabelecia que todo varão maior de doze anos que vivesse dentro de um raio de 25 Km estava obrigado a assistir à festa da Páscoa.
Ø  Obviamente nem todos podiam fazer essa viagem.
A.     Esses, então, ficavam à beira do caminho desejando boa viagem aos peregrinos.
B.     Por essa razão, Jericó que, ficava a vinte e cinco quilômetros de Jerusalém tinha suas ruas apinhadas de gente.
C.     Além do mais, o templo tinha cerca de vinte mil sacerdotes e levitas distribuídos em vinte e seis turnos.
D.     Muitos deles moravam em Jericó, mas na festa da Páscoa todos deviam ir a Jerusalém.
E.     Certamente muitas pessoas deviam estar acompanhando atentamente a Jesus, impressionadas pelos seus ensinos; outras, curiosas acerca desse rabino que desafiava os grandes líderes religiosos da nação.
F.      Era no meio dessa multidão mista que Bartimeu se encontrava.
3.    AS CONDIÇÕES DE BARTIMEU:
I.             Bartimeu era cego e mendigo.
·         Faltava-lhe luz nos olhos e dinheiro no bolso.
·         Estava entregue às trevas e à miséria.
·         Vivia a esmolar à beira da estrada, dependendo totalmente da benevolência dos outros.
·         Um cego não sabe para onde vai, um mendigo não tem aonde ir.
·         Não há nenhuma cura de cego no Antigo Testamento; os judeus acreditavam que tal milagre era um sinal de que a era messiânica havia chegado (Is 29.18; 35.5).[6]
II.            Bartimeu não tinha nome
·         Bartimeu em aramaica significa filho de Timeu
·         Bartimeu não é nome próprio, significa apenas filho de Timeu.
·         Adolf Pohl diz que deste cego conhecia-se somente o nome do pai, que foi explicado para os desinformados.
·         Este homem não era cego e mendigo, mas estava também com sua auto-estima achatada.
·         Não tinha saúde, nem dinheiro, nem valor próprio.
·         Certamente carregava não apenas sua capa, mas também seus complexos, seus traumas, suas feridas abertas.
III.          Bartimeu estava à beira do caminho
·         A multidão ia para a festa da Páscoa, mas ele não podia.
·         A multidão celebra e cantava, ele só podia clamar por misericórdia.
·         Ele vivia à margem da vida, da paz, da felicidade.
4.    BARTIMEU TOMA UMA DECISÃO
I.             Bartimeu busca a Jesus na hora certa.
·         Aquela era a última vez que Jesus passaria por Jericó.
·         Era a última vez que Jesus subiria a Jerusalém.
·         Aquela era a última oportunidade daquele homem.
Ø  Não há nada mais perigoso do que desperdiçar uma oportunidade.
Ø  As oportunidades vêm e vão.
Ø  Se não as agarrarmos, elas se perderão para sempre.
II.            Bartimeu buscou a pessoa certa.
·         Com sua cegueira, Bartimeu enxergou mais do que os sacerdotes, escribas e fariseus.
Ø  Estes tinham olhos, mas não discernimento.
Ø  Bartimeu era cego, mas enxergava com os olhos da alma.
·         Bartimeu chamou Jesus de “Filho de Davi”, seu título messiânico.
Ø  Jesus é chamado “Filho de Davi” somente aqui em Marcos.
Ø  O fato deste cego mendigo chamar Jesus de “Filho de Davi” revela que ele reconhecia Jesus como o Messias, enquanto muitos que haviam testemunhado os milagres de Jesus estavam cegos a respeito da sua identidade, recusando-se a abrir seus olhos para a verdade.
·         Bartimeu chamou Jesus de Mestre.
Ø  A palavra rabboni também é traduzida por Senhor.
Ø  A única pessoa nos evangelhos que usou esta palavra foi Maria (Jo 20.16).
Ø  Bartimeu tinha usado duas vezes o título messiânico de Jesus, mas rabboni era uma expressão de fé pessoal.[11]
·         Ele compreendia que Jesus tinha poder e autoridade para dar-lhe visão.
Ø  Este é o último milagre de cura registrado pelo evangelista Marcos.
Ø  Nele Jesus demonstra seu amor, misericórdia e graça.
III.          Bartimeu buscou com perseverança.
·         A multidão tenteou silenciar Bartimeu, mas ele estava determinado.
·         A multidão foi um obstáculo para Zaquel, foi obstáculo para o paralítico levado pelos quatro amigos e aqui para Bartimeu.
·         Nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, e não é.  
·         William Hendriksen sugere que a multidão estava com pressa a chegar em Jerusalém, por isso fizeram isso.
IV.          Bartimeu buscou Jesus com humildade.
·         Bartimeu sabe que não merece favor algum
·         Ele apela apenas para a misericórdia de Deus.
·         Ele não pede justiça, mas misericórdia.
·         Ele não reivindica direitos, mas pede compaixão.
5.    BARTIMEU ENCONTRA TAMBÉM SALVAÇÃO.
I.             Jesus disse para Bartimeu: “Vai, a tua fé te salvou”.
·         Bartimeu creu não por causa da clareza da sua visão, mas como uma resposta ao que ele ouviu.
·         Jesus diagnosticou uma doença mais grave e mais urgente do que a cegueira.
Ø  Não apenas seus olhos estavam em trevas, mas também a sua alma.
I.                    Ele foi buscar a cura para seus olhos, e encontrou a salvação da sua alma.
II.                 Bartimeu seguia Jesus pelo caminho.
·         Ele não queria apenas a benção, mas o abençoador.
CONCLUSÃO:
Jesus passou por Jericó. Ele está passando hoje também pela nossa vida, cruzando as avenidas da nossa existência. Temos duas opções: clamar pelo seu nome ou perder a oportunidade.




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