TEXTO: E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado… Lucas 18:10-14
INTRODUÇÃO: O texto abordado apresenta para nós uma parábola contada por Jesus.
O que era uma parábola?
As parábolas de Jesus eram histórias curtas e simples
São narrativas alegóricas: Eram histórias que usavam uma linguagem figurada para falar de realidades mais complexas e espirituais.
Era uma comparação com a realidade: Utilizavam comparações entre o que era conhecido (a vida cotidiana) e o que era abstrato (o Reino de Deus).
Tinha função didática: Ajudavam a ensinar e explicar conceitos difíceis de forma que pudessem ser compreendidos, mesmo que de maneira inicial.
Qual era o objetivo da parábola?
O objetivo era provocar a reflexão, a pessoa aplicá-la à própria vida.
Nesta parábola Jesus conta a história de dois homens que subiram para o templo para orar:
Os dois vão para a mesma igreja
Os dois vão para o mesmo culto
Eles vão para o mesmo templo.
Os dois estão na oração.
Os dois vão orar ao mesmo Deus
Os dois compartilham do mesmo ambiente de fé.
O ambiente desta parábola era bem conhecido, o templo de Jerusalém.
O templo era usado não só para os trabalhos religiosos públicos, para o oferecimento de sacrifícios e para a instrução, mas também para as devoções individuais.
Quem eram estes homens?
Um era Fariseu:
Os fariseus eram um grupo religioso e político judaico do século II a.C.
Eles eram conhecidos por sua devoção rigorosa à Lei escrita e à tradição oral.
Eram "separados" ou "puros" e buscavam aplicar a Lei a todas as áreas da vida
O homem um Publicano
Um cobrador de impostos
Os cobradores de impostos judeus que trabalhavam para o Império Romano
Eles eram amplamente odiados e desprezados por seus conterrâneos.
Eles cobravam impostos da população para os romanos, frequentemente cobrando valores a mais para enriquecer ilicitamente, o que os tornava vistos como traidores e pecadores.
O que esses homens vão fazer?
Eles vão orar!
Os judeus de Jerusalém costumavam fazer sua oração nas horas costumeiras (às 9 h da manhã e às 3 h da tarde).
Contudo, fora dos horários regulares de oração (Lc 1:10; At 3:1) também sempre havia pessoas orando no templo (Lc 2:37; At 22:17).
O que Lucas quer enfatizar é que um fariseu e um coletor de impostos subiram ao templo para esse fim à mesma hora.
A oração deles é diferente.
Um ora de pé, falando consigo mesmo
O outro ora de pé, de longe e nem levanta os olhos para cima.
O fariseu ora apontando o pecado do outro.
O publicano ora batendo no peito e reconhecendo seus pecados.
O fariseu fala de suas obras e se gaba delas.
O publicano ora e diz Oh Deus tem misericórdia de mim.
FRASE DE LIGAÇÃO: Vamos extrair aqui algumas lições para a nossa vida:
POR QUE JESUS CONTOU ESTA PARÁBOLA?
O verso 9 diz: E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros…
Quem eram os ouvintes?
Gente que estavam cheias de autoconfiança.
Pessoas que estavam muito convictas de sua própria justiça
Gente que olhava todos os demais com desprezo, de cima para baixo
QUAL ERA A CONDIÇÃO DESSES HOMENS NA PARÁBOLA:
O fariseu era tido como homem de cumprimento exemplar rigoroso e inatacável da lei.
Já o outro, o publicano, era considerado pela opinião geral como uma pessoa que vivia em flagrantes pecados e vícios, e era equiparado aos gentios.
Nós sabemos que a luz da palavra de Deus:
Os dois são pecadores.
Os dois carecem da graça de Deus.
Os dois precisam de salvação
Os dois precisam de perdão
Os dois precisam da misericórdia de Deus.
DUAS ORAÇÕES E DOIS RESULTADOS:
Os dois foram ao mesmo templo, em uma mesma hora e com o mesmo propósito: orar.
O resultado, porém, foi diferente.
Deus ouviu a oração do publicano, mas não respondeu à oração do fariseu.
O PERIGO DA AUTOJUSTIFICAÇÃO
Um coração soberbo.
A experiencia de um adorador que confia em sua própria justiça.
A oração do Fariseu não foi aceita porque evidencia alguns problemas de seu coração
Sua oração foi usada como uma autopromoção (v.11)
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano…
O texto declara que a primeira atitude do Fariseu foi colocar-se em pé.
Isso revela um ponto onde todos podiam observá-lo e ouvi-lo declarar as suas virtudes.
Qual era o seu objetivo de ficar de pé?
Não era oferecer algum culto a Deus
Não era fazer algum pedido a Deus
Seu objetivo era declarar a todos a sua própria religiosidade, sua santidade.
O fariseu não orou.
O que ele fez?
Ele fez um discurso eloquente para se autopromover.
Ele não orou; ele tocou trombetas.
Ele não orou; ele aplaudiu a si mesmo.
Sua oração era centrada em si mesmo (v.11)
A frase “orava por si mesmo” é na verdade “orava para si mesmo” (pros heauton) e poderia ser entendida como “sobre si mesmo”,
Isso destacando o problema básico por trás de sua oração.
A própria oração usa a primeira pessoa cinco vezes.
William Barclay diz que o fariseu não foi orar; foi apenas informar a Deus acerca do grande homem que ele era.
discurso retórico onde ele exibia suas virtudes diante de todos e para Deus.
Sua oração evidenciava sua própria arrogância.
É provável que este homem esteja num ponto mais próximo possível, dentro do permitido, do lugar santo.
Sua aproximação do templo o leva a afastar-se dos demais,
Ele imaginava que ele era bom demais para se misturar com os demais.
Ele faz questão de mencionar cada grupo de pecador do qual ele se orgulha por não fazer parte
Ele faz questão de mencionar o publicano que também estava no templo.
Para o fariseu aquele publicano nem mesmo merecia estar ali.
Para o fariseu todos aqueles deveriam ser excluídos
Para o fariseu, ali não era lugar para eles.
Nas palavras do comentariasta Walter Liedfield: a oração do fariseu expressava toda a essência do farisaísmo
Separação dos outros.
A religião do fariseu o aproxima do templo, mas o afasta da comunidade.
Há muitos, como este homem, que por sua religião estão muito próximos da lei, mas distantes de pessoas
Há muitos que julgam os melhores.
Se nossa religião nos distancia de pecadores, não estamos seguindo a religião de Cristo, pois, Cristo misturava-se com os pecadores.
Ele mesmo avalia sua propria justiça e santidade.
Ele mesmo julga e condena os outros homens.
Sua oração não demonstrava necessidade de arrependimento, mas sim confiança em sua própria justiça
A base da sua oração não era a graça de Deus.
Ele confiava não em Deus, mas em si mesmo.
Ele orava não para se quebrantar, mas para exaltar-se.
Para o fariseu, ele não precisava de perdão, nem de arrependimento, porque simplesmente ele não tinha pecados.
Ele era tão justo, tão perfeito, tão correto, tão santo, que qualquer mensagem de santificação, justificação, arrependimento jamais serviria pra ele.
O fariseu entende que uma mensagem que foca a mudança de conduta serve sempre para os outros, nunca para ele.
O fariseu entrou no templo cheio de nada e saiu vazio de tudo.
UM CORAÇÃO VAZIO E QUEBRANTADO.
O publicano nos exemplifica a verdadeira atitude do coração que Deus espera de todos os homens.
Sua atitude foi humilde
Ele se põe “a distância”.
Certamente ele está no templo, pois ali é onde Deus habita, num sentido especial.
Ele precisa desesperadamente de Deus, do Deus de amor perdoador!
Mas, tendo chegado ao templo, ele se põe a distância, bem longe do santuário.
Ele se sente envergonhado.
Lucas enfatiza que ele nem mesmo ousa levantar os olhos para o céu.
Ele não se sente digno de estar naquele lugar.
Ele se sente o pior dos homens daquele templo.
Sua confissão foi sincera
Ele colocou o “eu” em seu devido lugar.
O publicano confessou claramente que era um pecador.
Ele não apresentou desculpas para o pecado, nem mesmo o escondeu.
Ele reconhece que é pecador.
Ele assume seus pecados.
Sua oração não floreada belas palavras
Ele vai direto ao ponto que deseja, ele precisa ser salvo e nada mais importa.
A verdadeira cura para a justiça própria é o conhecimento de si mesmo
Seu coração estava quebrantado
O publicano bate no peito num gesto de profunda tristeza e comiseração, destacando sua pecaminisidade e injustiça.
Ele esmurra a si mesmo reconhecendo que nada de bom havia nele.
Ele não está olhando para os outros, não está preocupado com o pecado dos outros, ele está aterrorizado por seu próprio pecado.
Ele clama: “Ó Deus, sê misericordioso para comigo, o pecador”.
Ele está faminto e sedento por esta grande bênção, a saber: que a ira de Deus seja removida e seu favor.
Quanto mais consciência tivermos que somos pecadores, mais perto de Deus nós chegamos e quanto mais santos nos acharmos, mais longe de Deus.
CONCLUSÃO: Não será o coração de cada ser humano por natureza um fariseu? Vê severamente os pecados de outras pessoas, porém olvida os próprios. O fariseu deixou o templo da mesma maneira como havia entrado nele. Nada havia sido mudado dentro dele. É assim que muitos permanecem, apesar de todas as orações, apesar de toda a leitura da palavra de Deus, sempre as velhas pessoas não-quebrantadas, das quais Deus não se agrada.

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